Na mensagem de Ano Novo, Sua Excelência o Chefe de Estado - apelando à redescoberta de «portugais esquecidos» - destacou a segurança dos portugueses, no «ano da reinvenção», certo de que o Estado não falhará em momentos de excepção, provendo à necessária renovação da confiança dos portugueses na sua segurança, transmitindo-nos a convicção de que, em momentos críticos, as missões essenciais do Estado não falham nem se isentam de responsabilidades.
No apelo de Marcelo Rebelo de Sousa à reinvenção, à redescoberta, ouso perceber subliminar invocação da capacidade dos antigos portugueses que materializaram a nossa memória, a História: converter as tragédias em razão mobilizadora de mudança, para que nada subsista como recordação irrecuperável do fracasso...
Empenhado em evitar o alheamento dos portugueses, o marasmo que levaria à deflagração - ou perturbação social -, expressaria Sua Excelência o desejo ou convicção que, perante acidentes desorientadores do colectivo, a ordem e serenidade das vítimas de possíveis erros da política jamais possam indicar falta de esperança no exercício dos eleitos. Por outro lado, destacaria que a tensão mundial poderá afectar a iniciativa, a solidariedade, a coragem de reinventar o futuro, mais que mera reconstrução...
Teremos de ser - reivindica - como fomos ao longo da nossa memória colectiva: a nossa História vem do que ele, o povo, pensa e faz; mais e mais acredito nos portugueses, em Portugal - sustenta.
Neste ano estranho e contraditório, deve sobrepor-se a recuperação do tempo perdido - reforça. Em Portugal, entre alegrias e tristezas, alude à partida de Mário Soares, a Europa vai considerando tempos mais altos, pela determinação ainda dos portugueses.
Visivelmente marcado pelas tragédias dos incêndios - da sua acção fomos testemunhas -, perdas humanas e comunitárias, apela à resistência perante a adversidade, ao afecto e solidariedade.
O discurso de Sua Excelência, o Chefe de Estado, correspondeu ao esperado, salvo alguma particularidade de ordem absolutamente política e dirigida ao Chefe do Governo - que se harmonizará, dentro do possível -, sem esquecer que o assessor jurídico de Marcelo Rebelo de Sousa é o mesmo que terá aconselhado o anterior Superior Magistrado da Nação a que fossem vetadas as alterações à lei do financiamento dos partidos; assim com Sócrates, em 2009. Quando a referida lei voltar ao Parlamento, o PSD já terá novo líder. E Santana ou Rio são contra - segundo comentários recentes.
Jamais poderá esperar-se que a quebra de serenidade e devoção cívica, perante o sofrimento, contribua para a recuperação. Mas também não contribuirá para essa reconstrução o esquecimento da grande complexidade humana. Agora que «a política do afecto» parece ter sido forçada a abrir um novo capítulo, ter-se-á concluído em consequência que a afeição aos números agrava a falta de atenção à enorme complexidade humana: em cada ser persiste uma reserva de esperança, de ilusão, em constante equilíbrio precário, basta uma faúlha para alterar qualquer cenário, até o da governação.
Neste «contentamento descontente», destaque-se a tomada de posse do Doutor Mário Centeno, Ministro das Finanças de Portugal desde 26 de Novembro de 2015, eleito presidente do «Eurogrupo» no dia 4 de Dezembro de 2017, um dos grupos mais poderosos da economia mundial.
Iniciará funções no próximo dia 13.