2025-04-22, terça-feira, 18h00

Lançamento de "Obra reunida de António Jacinto", com a presença de Zetho Gonçalves, organizador do livro

 

 

 

[poemas, ficções breves, correspondência, testemunhos, artigos]

Organização, introdução e notas: Zetho Cunha Gonçalves

 

António Jacinto

António Jacinto do Amaral Martins «nasceu em 28 de Setembro de 1924, em Luanda, terceiro filho de José Trindade Martins e Cecília do Amaral Martins. Terminado o curso dos liceus, o técnico oficial de contas António Jacinto começa a trabalhar como empregado de escritório.

Em 1955, o camarada político António Jacinto participa na fundação do Partido Comunista de Angola. Quando, em 1960, lhe perguntaram qual a sua personagem histórica favorita, ele responde: «Dizem-na fisicamente parecida comigo. Nome impublicável.»

Em Junho de 1961 ele e a mulher Aurora têm o único filho — eu.

Ainda nesse ano, poucos meses depois, como membro político nas fileiras do MPLA, é preso pela PIDE.

Durante o julgamento, o Jacinto entrando algemado, tirava a mão das algemas e cumprimentava todo o mundo com a complacência dos militares que o escoltavam.

Condenado a catorze anos de prisão, com os também escritores José «Luandino» Vieira e António Cardoso (a acusação chegou a pedir para eles, em determinada altura, a pena de morte) é deportado em 1963 para o campo de trabalho de Chão Bom no Tarrafal, onde, entre outras coisas, escreveu e deu aulas (de Matemática).

Até 1972, a relação pai-filho existiu exclusivamente por postal (sempre fiquei com uma colecção muito significativa de postais ilustrados).

Em 1972 é libertado em sistema de liberdade condicional que deveria cumprir em Portugal Continental, longe da família. Nesse mesmo ano, no gozo de um mês de férias em Lisboa, conheci pessoalmente o meu pai.

No princípio de 1973 foge para a Argélia e junta-se ao MPLA na clandestinidade.

Em 1974, venho com a minha mãe para Lisboa, onde passei a viver, quando o meu pai regressa finalmente a Luanda, tendo participado activamente na construção do país (foi secretário de Estado da Cultura, ministro da Educação e Cultura, membro do Comité Central e do Bureau Político do partido).

A partir dessa data, ele veio de férias algumas (poucas) vezes a Lisboa e eu ia ano sim, ano não, de férias a Luanda tornando esse contacto um pouco mais frequente do que no princípio de vida. […]

O poeta/contista António Jacinto (ou Orlando Távora ou Sali Pimenta) escreveu meia dúzia de livros de poesia e contos (para além de uma ou outra estória que me enviava na correspondência trocada). Fosse pela qualidade ou pela afinidade, eu gostava do que lia.

Está traduzido em mais de dez línguas, publicado em mais de vinte países, presente em muitas colectâneas sobre literatura africana.

Ganhou alguns prémios nacionais e internacionais. Especial referência para a «Ordem Félix Varela de 1.º Grau» atribuída pelo Conselho de Estado de Cuba a quem se distinguiu na literatura.

Sempre que me era pedida a profissão do pai, a minha resposta era invariavelmente poeta. Não sou um político activo e tenho muito pouca apetência para a escrita. Dele adquiri a organização, a força de vontade, a casmurrice e o sentido de humor.»

 

O AUTOR

Zetho Cunha Gonçalves nasceu na cidade do Huambo, em Angola, a 1 de Julho de 1960. Passou a infância e adolescência no Cutato (pequena povoação na Província do Cuando-Cubango, onde concluiu a instrução primária e a que chama a sua «pátria inaugural da Poesia»). Foi aluno do Colégio Alexandre Herculano, na cidade do Huambo, e estudou Agronomia na extinta Escola de Regentes Agrícolas de Santarém, em Portugal.

Poeta, autor de literatura para a infância e juventude, ficcionista, organizador de edições, antologiador e tradutor de poesia, exerceu várias profissões: de tratador de gado numa fazenda a empregado de escritório, de vendedor de publicidade e publicitário a director adjunto de um jornal de turismo falido, de empregado de mesa em restaurantes e pesquisador de notícias para uma empresa da especialidade a intermediário e conselheiro de bibliófilos. Foi coordenador da página literária «Casa-Poema da Língua Portuguesa» no jornal Plataforma, de Macau, e coordena actualmente a secção cultural da revista África 21. É membro da União dos Escritores Angolanos.

Tem traduções para alemão, chinês, espanhol, hebraico e italiano, e colaboração dispersa por jornais e revistas de Angola, Brasil, Espanha, Itália, Macau, Moçambique e Portugal. Tem participado em vários colóquios e encontros literários em Portugal, Brasil, Cuba e Itália.

O seu nome foi proposto para Prémio Nobel de Literatura 2018.

Está representado nas seguintes antologias ou livros-catálogo: Vozes poéticas da lusofonia, de Luís Carlos Patraquim, 1999; António Prates: Percursos de um sonho. Fotobiografia, de Alexandra Silvano Prates e António Prates [Org.], 2007; Sonhos d’agora e também d’outros tempos, de Roberto Chichorro, 2009; Divina música: Antologia de poesia sobre música, de Amadeu Baptista, 2009; Coletânea Prêmio OFF FLIP de Literatura 2009, de Ovídio Poli Junior [Org.], 2010; Pensando África. Literatura, arte, cultura e ensaio, de Carmen Lucia Tindó Secco, Maria Teresa Salgado e Silvio Renato Jorge [Org.], 2010; Histórias pintadas de azul, de Roberto Chichorro, 2010; Hinc Illae Lacrimae! – Studi in memoria di Carmen Maria Radulet, 2 Vol. A cura di Gaetano Platania, Cristina Rosa e Mariagrazia Russo, 2011; Conversas de homens no conto angolano: Breve antologia (1980-2010), de António Quino [Org.], 2011; Balada dos homens que sonham: Breve antologia do conto angolano (1980-2010), de António Quino [Org.], 2012; Da África e sobre a África: Textos de lá e de cá, de Emilia Machado, Mariucha Rocha, Ninfa Parreiras e Vânia Salek, 2012; Depois do silêncio: Escritos sobre Bartolomeu Campos de Queirós, de Lucilia Soares & Ninfa Parreiras [Org.], 2013; A arqueologia da palavra e a anatomia da língua: Antologia poética, de Amosse Mucavele [Org.], 2013; Mögen Pitangas Wachsen. Literatur aus Angola: Ein Zweisprachiges Lesebuch (antologia bilingue português-alemão: Oxalá Cresçam Pitangas. Literatura de Angola: Um Livro Bilingue). Herausgegeben von Ineke Phaf-Rheinberger; Übersetzung aus dem Angolanischen Portugiesisch: Bárbara Mesquita, Leipzig: Poetenladen, 2014; Afeto & Poesia. Ensaios e Entrevistas: Angola e Moçambique, de Carmen Lúcia Tindó Secco, 2014; Mapas Literários: O Rio em Histórias, de Ninfa Parreiras [Org.], 2015; Pássaros de Asas Abertas, de António Quino e Margarida Gil Reis [Org.], 2015; Angola 40 Anos −40 Contos – 40 Autores, de Arlindo Isabel [Org.], 2015.

Vive actualmente em Lisboa, dedicando-se inteiramente à literatura.

              

 

OBRAS DO AUTOR

 

POESIA

Exercício de Escrita, 1979

Coração Limite / Sobre a Sombra do Corpo, 1981

A Construção do Prazer / Reportagem do Silêncio, 1981

O Incêndio do Fogo, 1983

O Outro Mapa da Terra, ed. manuscrita, exemplar único, 1997

O Voo da Serpente, ed. manuscrita, 12 exemplares, com 4 desenhos originais do autor, 1998

A Palavra Exuberante, 2004

Sortilégios da Terra: Canto de Narração e Exemplo, 2007

Rio Sem Margem: Poesia da Tradição Oral, 2011

Terra: Sortilégios, 2013

Rio Sem Margem: Poesia da Tradição Oral. Livro II, 2013

Noite Vertical, 2017

O Sábio de Bandiagara: Esconjuros, Ebriedades e Ofícios, 2018

Poemas Reunidos, a publicar

 

LITERATURA INFANTIL E JUVENIL

Debaixo do Arco-íris Não Passa Ninguém (poemas), ed. brasileira, 2006

A Caçada Real (teatro), 2007; ed. brasileira, 2011; ed. moçambicana, 2013

Brincando, Brincando, Não Tem Macaco Troglodita (poemas), ed. brasileira, 2011

A Vassoura do Ar Encantado (estória), ed. brasileira, 2012

A Semana dos Sete Poemas do Papagaio de Cabinda (poemas), ed. angolana, 2012

Dima, o Passarinho Que Criou o Mundo: Mitos, Contos e Lendas dos Países de Língua Portuguesa (antologia), ed. brasileira, 2013

Rio Sem Margem: Poesia da Tradição Oral Africana, ed. brasileira, 2013

A Minha Primeira Leitora (conto), in: Mapas Literários: O Rio em Histórias, de Ninfa Parreiras, ed. brasileira, 2015

Com o Cágado Ninguém Brinca (conto), in: Pássaros de Asas Abertas, de António Quino e Margarida Gil Reis, 2015 

A Filha do Sol e da Lua (conto), in: Angola 40 Anos − 40 Contos – 40 Autores, de Arlindo Isabel, 2015

A Galinha-de-Angola Que Punha os Ovos no Telhado (poemas), a publicar

Aqui Há Dinossauro (conto), a publicar

A Serpente Que Dançava Para Mudar de Vestido (poemas), a publicar

Relojoeiro de Palavras (poemas), a publicar

 

TRADUÇÃO DE POESIA

O Desejo É Uma Água, de Antonio Carvajal, 1998

Altazor: Canto II, de Vicente Huidobro, 2012

3 Poemas, de William Carlos Williams, 2012

22 Poemas, de Joan Brossa, 2012

15 Poemas, de Rainer Maria Rilke, 2012

Sete Poemas, de Friedrich Hölderlin, 2012

Chora, Ó Irmão Negro Bem-Amado, de Patrice Lumumba, 2018

Transversões, a publicar

 

ORGANIZAÇÃO DE EDIÇÕES

Corpo Visível, de Mário Cesariny, ed. especial, 1996

Obra Poética, de Luís Pignatelli, 1999; 2.ª ed., no prelo

Uma Rosa na Tromba de Um Elefante, de António José Forte, 2.ª ed., 2001

Uma Faca nos Dentes (Obra Poética), de António José Forte, com Prefácio de Herberto Helder e desenhos e fotografias de Aldina, 2003

Breve História da Mulher e Outros Escritos, de Natália Correia, com Prefácio de Maria Teresa Horta, 2003

A Estrela de Cada Um, de Natália Correia, 2004

Entrevistas a Natália Correia, de Antónia de Sousa, Bruno da Ponte, Dórdio Guimarães e Edite Soeiro, 2004

Contos Inéditos e Crónicas de Viagem, de Natália Correia, 2005

Os Brasileiros, de Eça de Queiroz (em col. com Eduardo Coelho), ed. brasileira, 2008

Contos, Fábulas & Outras Ficções, de Fernando Pessoa, 2008; Tradução italiana de Virgina Caporalli, com o título La Vita non Basta. Racconti, Favole e Altre Prose Fantastiche, 2010

Impia Scripta, de Luís Carlos Patraquim, 2011

Contos Completos, de Fernando Pessoa, 2012; ed. brasileira com o título Um Grande Português. Contos, Fábulas & Outras Histórias, 2012

Manual Para Incendiários e Outras Crónicas, de Luís Carlos Patraquim, 2012

Bonsoir, Madame (Obra Poética), de Manuel de Castro, 2013

Notícia do Maior Escândalo Erótico-Social do Século XX em Portugal, de Fernando Pessoa, Álvaro Maia, Raul Leal (Henoch) e outros, 2014

Sete Poemas Inéditos, de Natália Correia, 2015

Sete Poemas Inéditos, de Ruy Cinatti, 2015

A Pedra-que-Mata. Poesia Japonesa: Uma Antologia do «Período Primitivo» ao «Estilo Moderno», de Luís Pignatelli, 2016

O Senhor Freud Nunca Veio a África, de Luís Carlos Patraquim, 2017

Fernando Pessoa: Um Retrato Fora da Arca. Cartas, Ensaios, Poemas, Testemunhos, Memórias, Inéditos, de Fernando Pessoa e outros, 2018

Paixões & Aventuras de Fernando Pessoa Para Jovens Irreverentes (literatura juvenil), de Fernando Pessoa, a publicar

Os 47 Poemas de Vida de Fernando Pessoa: Antologia de Cabeceira, a publicar

Poemas Traduzidos, de Luís Pignatelli, a publicar

Cartas a Salazar & Outras Epístolas a Caeiro da Mata, John Fitzgerald Kennedy, Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa e Aleister Crowley, de Raul Leal (Henoch), a publicar

Obra Poética, de José Sebag, a publicar

Dadá Dadá Dadá – 1914-1970, de Mário Cesariny, a publicar 

Esta Cabeça Não É Minha. A (Im)possível História do Chamado Grupo do Café Gelo, de António Barahona, António José Forte, Carlos Loures, Eduardo Valente da Fonseca, Ernesto Sampaio, Fernando Saldanha da Gama, Goulart Nogueira, Henrique Varik Tavares, Helder Macedo, Herberto Helder, João Fernandes (Zanaga), José Carlos González, José Manuel Simões, José Sebag, Luiz Pacheco, Manuel de Lima, Maria Helena Barreiro,  Luís Pignatelli, Manuel de Castro, Mário Cesariny, Máximo Lisboa, Raul Leal (Henoch), Virgílio Martinho, Vitor Silva Tavares; Benjamim Marques, Gonçalo Duarte, João Rodrigues, João Vieira, José Escada, Lurdes Castro, Manuel Cargaleiro, Manuel d’Assumpção, René Bértholo, e outros, em preparação 

 

ANTOLOGIAS

35 Poemas Para 35 anos de independência, 2010

Antologia de Contos Africanos de Língua Portuguesa [ed. brasileira], no prelo

Antologia do Conto Angolano (em col. com João Melo), no prelo

Antologia da Poesia Angolana, a publicar

Poesia Africana de Língua Portuguesa (em col. com Luís Carlos Patraquim), a publicar

 

 

 


 

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