É numa casa aristocrática que Alice acorda um dia, sem memória da violência que a trouxe até ali e sem saber que foi salva pelo menino Pedrinho, o filho do conde. Alice tem um segredo que Pedrinho descobre na noite em que quase a perde: ela pode ser invisível.
Desde o dia em que é salva, Alice cresce com Pedrinho, escondida numa casa onde não é bem-vinda, entre o visível e o invisível, entre a inocência e a dor. Mas há segredos que não se podem partilhar a três e, quando Emília chega ao coração de Pedrinho, os dias mudam e os planos desfazem-se, até que, no crepúsculo da monarquia portuguesa, cada um descobre até onde a escuridão invisível do corpo os pode levar.
A Menina Invisível é um excecional e seguríssimo romance literário de Rita Cruz, em que a ternura cativante das personagens, das situações e da linguagem se inscrevem no melhor da literatura portuguesa contemporânea.
Os leitores vão descobrir em A Menina Invisível, um romance com ritmo, conjugando simplicidade e musicalidade, um romance escrito numa prosa objetiva, cheia de surpresas e subtilezas, que chegam sem fanfarra, com uma naturalidade só ao alcance de uma grande escritora.
“Nasci na Guarda. Cresci entre a Beira e o Algarve, entre pais e avós, irmã, entre uma casa fria e outra pingada de maresia.
Desfiz-me e fiz-me, em Braga e Lisboa. Parti. Descobri-me longe, cidadã um planeta ferido, assustado, esventrado. Colômbia, Afeganistão, Sri Lanka. Regressei aos poucos, nunca mais sozinha, nunca mais parada, nunca mais daqui, nem dali. A dois, vivi na Finlândia e em Moçambique. A quatro, parti para a Austrália e tropecei na Malásia.
Cooperante internacional, fisioterapeuta, escritora. Mãe, esposa, amiga, pessoa. Partida e repartida, pelo mundo, por casa incerta.
Feliz de ser assim, de estar viva, de fazer palavras dos dias que me ficaram.
Feliz de que haja ainda quem leia e quem teime em escrever.”
Sérgio Almeida nasceu em Luanda, Angola, em 1975. Além de poeta e ficcionista, é jornalista na área cultural desde 1998, tendo sido agraciado com o Prémio Escritaria (2014) e o Prémio Internacional César Vallejo – Unión Hispanomundial de Escritores (2021). Coordenou o volume Poesia Traduzida, de Luiza Neto Jorge.
É membro e co-fundador do colectivo de poesia e performance Sindicato do Credo e moderador do ciclo literário «Porto de Encontro».