2013-12-18, quarta feira , 17h30: apresentação do livro “Os leitores também escrevem”,

de 12 Autores de “Cartas ao diretor(a)

de DN, EXPRESSO, JN, PÚBLICO e vários jornais regionais.





fotografias de Rui Vaz Pinto

TEXTO DE APRESENTAÇÃO NO PORTO, UNICEPE, 18 -12-13, 17.30h POR CÉU MOTA

Os Leitores Também Escrevem, 2013


Agradeço à Unicepe que nos abriu as portas e cedeu este espaço; e

Agradeço, de forma especial, a presença de familiares e amigos.

Agradeço também a Fábio Ribeiro - investigador/colaborador do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho - a sua presença e a sua colaboração, abordando a problemática das Cartas do Leitor, nomeadamente as dos Leitores do Jornal de Notícias Os nossos agradecimentos vão, finalmente, para o jornalista José Vítor Malheiros que aceitou o nosso convite para prefaciar a obra.


Em novembro do ano passado, contactei por email com cerca de vinte leitores cujos textos são, frequentemente, publicados nos jornais. Convidei-as a juntarem-se a mim para escrevermos um livro a várias mãos.

Esta iniciativa explica-se na forte convicção de que a maioria dos textos tem valor e interesse. São redigidos com empenho, responsabilidade e arte. Seria uma pena acabarem em centros de reciclagem para onde são atirados os jornais, mas também é um total desperdício que o seu único fim seja a gaveta ou os arquivos dos seus autores.

Acredito que é importante saber o que pensam os portugueses sobre Portugal. Que é relevante o que cada um vós pensa. Por isso, eu acredito que este livro é um documento e que tem muitas leituras possíveis.

Houve quem não respondesse ao meu apelo e houve quem se mostrasse cético quanto a este projecto de reunir os textos publicados de vários leitores. Consideraram algo difícil de concretizar por motivos como o envolvimento de pessoas que se encontram dispersas por todo o país e, pior, a necessidade de se investir dinheiro.

Mas, felizmente, a maioria das pessoas convocadas embarcou nesta viagem doida e arriscada como são todas as aventuras. Hoje estão aqui como autores desta obra, que julgamos ser inédita em Portugal, porque reúne as crónicas não de apenas um, mas de 12 leitores-escritores de cartas cujos textos foram publicados ao longo dos últimos anos em jornais como o DN, JN, EXPRESSO ou o PÚBLICO.

Eis aqueles que me disseram sim e que não desistiram:

António Catita, o primeiro da lista de autores, vê semanalmente os seus textos publicados. Com mais de 80 anos e ultimamente com dores devido a uma queda que o impediu de viajar hoje a partir de Lisboa, o António continua a escrever com o desejo de consciencializar e esclarecer outros leitores em relação a certos temas que domina;

Clotilde Moreira...uma grande senhora. Os seus 77 anos não são impedimento para se lançar em histórias arrojadas: a 28 de Dezembro de 2012 veio ao Porto, de comboio, desde Lisboa à Casa da Música para o 1º encontro do grupo. Não nos conhecíamos pessoalmente. Foi nessa data que esboçámos a estrutura deste livro e a Clotilde teve uma voz muito ativa e incentivadora. É uma mulher de ação e de muitas perguntas;

José Amaral: escreve todos os dias, tal como respira. Escrever é para ele e para o resto do grupo uma necessidade. O José sabe rimar e há neste livro poemas que dedica a Homens e a Mulheres como Amália, Zeca Afonso ou a sua Mãe;

Fernando Cardoso: o fiel leitor do PÚBLICO, único jornal para onde envia as suas cartas. O que ele quer é que o PÚBLICO exista e que continue em papel. Assim ou assado, compra-o e lê-o todos os dias!;

João Fraga que dedica a sua escrita e a sua vida ao Trabalho, mas ao trabalho que dignifica o homem e a mulher:

Francisco Ramalho: olha o multifacetado comportamento humano, e nele encontra, vezes demais, motivo para a denúncia e a crítica...

Augusto Magalhães: o primeiro leitor que convidei. Também ele sente necessidade de pôr por escrito as ideias que lhe passam pela cabeça. Só não escreve sobre futebol e sobre culinária, porque disso nada entende.

Joaquim Moura que, através das palavras, mostra o seu incómodo e revela a sua preocupação com o que o rodeia. A gente percebe que está «arreliado com a vida» pelas palavras que seleciona. Ele sabe que tem que ter cuidado com elas, tal como manipula com atenção a tesoura da poda quando trata da sua pequena horta. As palavras também cortam, diz o título do seu capítulo;

Vítor Colaço sempre presente nos nossos encontros e igualmente assíduo nos jornais... e quando deixa de estar... perguntámo-nos se estará doente... O Vitor gosta muito de jornais, em papel, é preciso dizê-lo, e exige que se dê mais vez e voz aos leitores...Para o Vítor, Escrever e Ler é ser e isso está, de longe, acima do Ter!

A outra mulher é a Ana Santos, que escreveu um dia na Notícias Magazine que sonhava publicar um livro... A confissão desse desejo profundo foi o motivo mais que suficiente para chamá-la a este projecto. A Ana é uma mulher sensível, muito humana e atenta aos problemas que os idosos enfrentam.

Rogério Gonçalves: denuncia as barreiras e os maus acessos que encontra e que lhe dificultam o dia-a-dia. Mas não escreve apenas sobre isso, como poderão constatar.


Finalmente eu, que chamei ao meu capítulo Diário de Um Coração ... porque a escrita pode ser diária como são constantes os pensamentos, as opiniões, as ideias e os sonhos.

Não podemos ser e ficar indiferentes. Penso que é esta a grande mensagem de Os Leitores Também Escrevem. Escrevemos porque reagimos deste modo às coisas do mundo e deste país em particular.

E penso, para terminar,que este livro é uma metáfora... é um exemplo de que a maioria dos portugueses é corajosa e sonhadora. Somos gente de iniciativa, otimista e generosa, apesar de tudo.


... Mais uma vez, obrigada aos 11

e obrigada a vós, em especial, que quisestes estar aqui connosco!


Céu Mota