2024-12-07, sábado, 15h00:
Lançamento do livro "O canto do Melro", de Raquel Varela


Com apresentação por Rui Pereira e intervenções da Autora e do Padre José Martins Júnior, biografado no romance.

Palavras de Jorge Garcia, editor da Bertrand:


Apresentação de Rui Pereira:


Palavras do Padre José Martins Júnior:


Palavras da Autora:


Debate (excertos):























Raquel Varela dá-nos a conhecer, na forma de romance, a vida e a obra de uma figura ímpar, o Padre José Martins Júnior, que, da Ribeira Seca na Madeira, atravessou a história global, do fim do feudalismo em pleno século xx às lutas anticoloniais, da teologia da libertação à resistência antifascista. Um lugar de confluência entre o império britânico e o português, onde não só a geografia, mas os tempos históricos discordantes, se encontraram, ao som da sanfona tocada por um padre que elevou o vocábulo «povo» ao lugar da Polis, da democracia, da liberdade.

Apoiada numa impressionante recolha – em arquivos, jornais, testemunhos e observação – realizada ao longo de uma década, a autora ficciona esta história, levando-nos ao quotidiano de José Martins Júnior, um humanista radical de coragem invulgar, em coerência com o mais puro ideário cristão.

Em plena Revolução dos Cravos, o Padre Martins antecipou a abolição do regime da colónia, apoiou a ocupação de terras pelos caseiros camponeses e recriou a democracia ateniense, 2500 anos depois, tirando Cristo da Cruz, elevando toda a população à condição de cidadãos. Quando no continente se lambiam as feridas da derrota da Revolução, na Ribeira Seca a revolução continuava.

A historiadora recupera, em ficção biográfica, temas como o pensamento livre, o lugar dos partidos – e da Igreja –, o espaço e a qualidade dos afetos, a importância das revoluções socialistas, o combate à tirania do mercado e ao despotismo do Estado, incluindo quando este se apresenta como social-liberalismo, e a centralidade do trabalho para a felicidade e a democracia social. A utopia não como um não lugar, inatingível, mas como sonho concreto, encarnado pelo Padre Martins.

Nesta história os tempos confundem-se, não acompanham nem o Sol nem a Lua, nem os meses do calendário. Na Ribeira Seca, em dezanove meses avançaram-se quinhentos anos; os pobres decidiram, os analfabetos falaram, os surdos tocaram e os ricos esconderam-se; os professores ensinaram, os médicos curaram e um padre foi cristão como Cristo, que mandou que nos amássemos uns aos outros.

Sobre a autora

Raquel Varela, historiadora, professora universitária e investigadora, é autora de A História do PCP na Revolução dos Cravos (2011), História do Povo na Revolução Portuguesa – 1974-75 (2014), Breve História da Europa (2018) e Breve História de Portugal – A Era Contemporânea (1807-2020) (2023), entre outros. Tem mais de quarenta livros publicados ou editados. É especialista em história do 25 de Abril e também em história das revoluções no século xx. Participa semanalmente em programas de televisão e rádio, e é guionista de documentários. Foi agraciada com vários prémios, entre eles, o Prémio da Associação Ibero-Americana de Comunicação/Universidade de Oviedo, Espanha, pelo seu contributo para a história global do trabalho e dos movimentos sociais. Em 2020, foi distinguida com a bolsa de investigação Simone Veil, Project Europe-Universidade de Munique. É presidente do Observatório para as Condições de Vida e Trabalho ...


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