um texto de
Celso de Lanteuil
A Serra do Caramulo ardeu
O fogo comeu a vida
O Caramulo queimou e sofreu
Uma dor que tirou e matou
Nenhuma esperança brotou da terra
As chamas já de longe avisavam
Eu machuco, eu queimo, eu destruo
E o Caramulo recuou, cedeu seus
Na expressão de uma fúria jamais vista
Se encolheu para aceitar sua condição
E do que aquela Serra fez um dia crescer
Viu nesse surto de horror desaparecer
Pessoas resistiram
Bombeiros lutaram
Até suas vidas doaram
Mas nada, nem ninguém teve forças
Nem o povo da terra
Que da terra entende
E da terra vive, sofre e sorri
Nem mesmo seus bichos, sua natureza irmã
Ninguém conseguiu
Convencer esse fogo enraivecido
Que era hora de parar
Que era tempo de deixar a vida seguir
O Caramulo ardeu
E só não queimou mais porque, dizem os locais
Era preciso alguma mata sobreviver
Viver para nos fazer lembrar de muitas coisas
Do nascimento, da luz, da infância
Do crescimento, do aprender e lutar
Que vida plena é amor, saber cuidar e respeitar
Compartilhar conhecimento, fraternidade e sonhos
Por isso dizem por aí que o Caramulo não pode desaparecer
Por que se morre uma Serra como essa
A vida respira pior
E o homem tem menos histórias para contar e abraçar
(http://cdelanteuil.blogspot.pt/2013/10/incendio-na-serra-do-caramulo.html)
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