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O ódio

Algumas almas sensíveis ficam chocadas quando acuso a actual maioria da autarquia portuense de levar a cabo políticas de ódio. Reitero-o agora a propósito da recusa desta vil maioria em atribuir o nome de uma rua portuense ao falecido escritor José Saramago.

| 16 Julho, 2010 - 01:37 | Por João Teixeira Lopes


Algumas almas sensíveis ficam chocadas quando acuso a actual maioria da autarquia portuense de levar a cabo políticas de ódio. Reitero-o agora a propósito da recusa desta vil maioria em atribuir o nome de uma rua portuense ao falecido escritor José Saramago.

Algumas almas sensíveis ficam chocadas quando acuso a actual maioria da autarquia portuense de levar a cabo políticas de ódio. Referi-o a propósito da campanha negra contra os arrumadores (cruzada que envolvia sábios psiquiatras da academia, polícia, pancada e detenções ilegais) ou aquando da reiterada e sistemática intenção de expulsar os pobres da cidade (bem patente em todo o processo do Aleixo).

Reitero-o agora a propósito da recusa desta vil maioria em atribuir o nome de uma rua portuense ao falecido escritor José Saramago. Existirá demonstração mais cabal de sectarismo e falta de generosidade política do que este acto da mais elementar cegueira? O que o justifica, a não ser um espírito de cruzada contra a opinião divergente e, mais ainda, contra tudo o que emane das artes e cultura? José Saramago é um dos mais notáveis escritores de sempre e pautou a sua vida pela coerência e pela Defesa da liberdade e dos Direitos Humanos. Era comunista? Era ateu? E então? São tais motivos suficientes para que os Torquemadas da maioria exerçam censura, post mortem, ao nome e à figura de Saramago? Imagine, Dr. António Costa, o seu amigo Rui Rio à frente dos destinos do país…

O próprio voto de pesar contou com as abstenções do PSD e o voto contra de um cruzado puritano fundamentalista do CDS. Esta gente vive ainda com as vestes da inquisição e decerto conviveria bem com o fascismo. Nas suas mentes ainda dançam podres fantasmas. Decerto Saramago ficaria irritado com tanta miséria intelectual. Mas como era de seu timbre, tudo serviria de fermento para um novo romance.

Estes insectos mesquinhos serão pisados pelo tempo e Saramago conquistou a imortalidade. Mas cabe-nos a nós, gente que se honra de lutar pela liberdade, pela arte e pela cultura, de encontrar caminhos de convergência que devolvam a dignidade cívica a uma cidade que escreve nos seus muros a insubmissão. Exorto o meu partido, o Bloco de Esquerda, bem como o PCP e o PS a encontrarem caminhos de decência e alternativa (estou tão à vontade em dizê-lo quanto em nada me pesa a consciência: dei por três vezes o melhor de mim a combater a matilha. Não mais serei candidato à autarquia). Eles não têm um pingo de vergonha ou de sensibilidade. Nem sequer são capazes de pensar pela cidade, presos que estão aos seus fossilizados preconceitos. Esta é a questão: o nome de Saramago casa bem com o de Porto; e o desta cidade enaltece o escritor.

Que uma nova maioria tenha como tarefa primeira escrever SARAMAGO numa das ruas desta urbe de liberdade.

João Teixeira Lopes associado da Unicepe - Porto
Julho de 2010


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